Sodalícia: A Matriarca do Amor
- Akasuma Lean Vicci
- 18 de set. de 2015
- 4 min de leitura

Em meio à sociedade que vivemos, quais seres podem possuir os mesmos sentimentos, uma vez que estamos condenados a ser diferentes em tudo? A primeira diferença surge ao nascermos, no momento em que somos registrados como homem ou mulher. A segunda e mais próxima será devido a nossa raça, logo depois a língua e por fim as demais formas biológicas e sociais. Porém, existe uma palavra universal capaz de nos tornar iguais: HUMANOS. É nesse ponto que deixamos de ser únicos a fim de nos tornarmos um só. Mas, não unidos, formando um único ser. Essa união acontece de forma figurada, apenas para representar nossa pluralidade através de uma singularidade, é como classificar animais de acordo com suas respectivas espécies.
Para falar da igualdade, precisamos tratar antes de tudo da desigualdade. Vejamos... Iremos partir do ponto onde toda a desigualdade surgiu. Nas mais remotas histórias e realidades, viajaremos então até o jardim que serviu de ignição para isso tudo. Os seres primordiais, o primeiro casal humano. Por entre os deleites da carne, e pelo desejo do desconhecido. O mais astuto por entre os seres causou a vós a desigualdade. A serpente que enganastes vossos antepassados, agora regozija de vitórias e alegrias. Apenas uma única mordida foi o suficiente para dividi-los pelo resto dos seus dias. Igualdade não mais vos pertence. Agora a pluralidade caminha lado a lado com vossos passos. As sentinelas guardiães dos desejos mais íntimos plantam vigia incansavelmente todos os dias desde então. São elas: Pisom, Giom, Tigre e Eufrates. Incumbidas de vigiarem o impotente Éden. Jamais conseguiremos ser um só, depois da astúcia do ser rastejante.
Depois de várias gerações e incansáveis tentativas de chegarmos a uma união, mesmo que teórica. Surge por entre padrões rígidos e vigentes, os resultados da maldição jogada na mulher que apenas desejou aprender mais do que lhe foi dado. Classificada agora como ser fraco e corrompível.
Nasce Sodalícia, filha dos padrões sociais patriarcais. Quase fora abortada durante sua gestação. Diagnosticada com uma doença terminal incurável e que jamais se encaixaria na sociedade atual. Criança essa que foi condenado a pena de morte, por um simples motivo, nascera com algo a muito perdido com o passar dos anos e que tem grande valor. Podendo então, trazer resultados para as demasiadas lutas cometidas por seus genitores.
Qual o motivo de querer leva-la a morte? Como a muito nos foi dito, devido à corrupção da pureza humano no Éden. Houve uma divisão de características entre a mesma espécie. De um lado, o homem como ser frio e apenas soberano. Do outro, a mulher como símbolo de pecado e sentimentos fracos e vazios. A fragilidade foi arrancada do homem logo depois da traição de sua companheira. Em contrapartida, todo aquele que nasce com tais características será então descartado e julgado desprezível. Sodalícia não aceita a forma como a sociedade encaminha o tratamento aos sentimentos humanos. Indignada devido aos obstáculos que enfrentaria, constrói uma maneira de lutar contra tais atos. Assume perante todos; suas orientações, deixa bem firme seus reais modos de ser, e não importa-se com os castigos vindouros.
Como algo tão importante para a manutenção do corpo é considerado uma arma mortal ao próprio ser? Sentimentos são diretrizes difíceis de serem controladas. Logo, do que adianta tê-los uma vez que não podemos manuseá-los a nosso gosto? A partir desse ponto, seja por meio de palavras ou ações, o ser humano incomoda-se quando não dispõe de respostas durante sua vida. Isso é algo que nos une. Em meio a crises sentimentais. A posse de tais condições físicas e psicológicas divide então, o mundo como extremos opostos. Faces distintas de uma mesma moeda. Existem agora esferas que caminham paralelamente. Epa! Só um instante. Como se inicia um discurso falando de algo que nos uniu e do nada surgem as desigualdades nos dividindo novamente? Ora, se o mundo fosse tão fácil para ser compreendido, não mais estaríamos nele.
Contudo, Sodalícia vem à luz com o intuito de proporcionar as respostas para os questionamentos. Capaz de trazer paz por onde passa e tranquilidade por entre a guerra mais árdua e a muito travada. Tem como dom a proliferação de um sentimento mais forte e doce que qualquer outro – o Amor. Engana-se quem acha que nossa criança heroica é uma mulher. Feminina apenas de nome, essa personagem marcante nada mais é que um homem. Muito julgado por tais atos. Condenado a morte apenas por não seguir os padrões sociais impostos. Revolta-se contra o sistema ao ponto de instigar a todos a pensar: Por que sendo homens de nascença, não podemos amar assim como uma mulher? Entregar-se de corpo e alma, como uma mãe ao seu filho, para entender que é apenas nesse ponto que chegaremos a ser um? Se for pra ser mulher, arranco de mim aquilo que me caracteriza como frio e egoísta. Quero me entregar a todos. Ser ingênuo assim como os primeiros; foram. Ser aquele a ir atrás do desconhecido e através desse modo, conseguir mudar o que antes fostes um castigo para conosco.
Não mais sou pai, agora sou mãe. Patriarca é para os fracos. Ser forte é tornar-se Matriarca, pois só ela consegue entender aquilo que passa verdadeiramente com seus iguais. De agora em diante, chamo-me Sodalícia : A matriarca do Amor.
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