"Bônus" Opala Negra, do Inferno à Luz: A Pangeia da Raça Humana (Parte II)
- Akasuma Lean Vicci
- 25 de set. de 2015
- 7 min de leitura

Mallumo agora tem total domínio sobre Flama. A imperatriz não passa de uma marionete nas mãos do príncipe da morte. Desta forma não há como esconder, ela será obrigada a revelar a localização das chaves para Pangeia. E com ar de autoridade Mallumo se dirige a Flama: - Agora sou possuidor do mapa para o grande reino. Basta de suas mentiras e promessas falsas. Revele a localização das opalas vossa alteza – o ventríloquo profere em tom de ironia tais ordens. Flama em sinal de ira replica as ordens de Mallumo: Pertinente de sua parte! Achas que pode vir em meus domínios e só pelo fato de ter ganhado a luta, começará a dar-me ordens como se fossem as coisas mais naturais do mundo? Olhe para o motivo que o trouxe até aqui, seu mestiço maldito.
Como sabes os motivos que vieram a dirigir-me até essa vale infernal? Flama: Quem você acha que ensinou aos escapulas o caminho até Úmbrio?! A imperatriz rir em tom sarcástico. Mallumo agora tem a ira a consumi-lo: Como ousas sua meretriz maldita?! Morrerás agora pelas minhas mãos... Quando o príncipe salta em direção à deusa caída, em seus últimos atos de onipotência, Flama, ergue-se e, olhando profundamente com ódio para Mallumo, profere: Se anseias por vingança. Achas mesmo que irá sair dos domínios da neblina sem minha ajuda? Quem agora é a marionete? Mallumo sentiu tais palavras violarem seus tímpanos. Abaixou a guarda, e como última resposta. Entrega-se agora as mãos da imperatriz das almas.
Revelar-te-ei a localização das opalas, pois reconheço minha derrota. Porém, só acontecerá tal feito, quando conseguir sair desse vale coberto com essa densa neblina. Do contrário, meus poderes sobre as chaves de Pangeia não funcionarão. Mallumo, agora se sentiu enganado pela profecia e pelo seu tio – Exu. Como a Imperatriz das almas não possui o controle das opalas em seus próprios domínios? Flama, rebate: Creio que vosso tio não lhe contou. Até a deusa das almas, responde a um superior. E como forma de manter-me sobre seus domínios, e assim ocultar Pangeia; Tokoloshe, o senhor dos sucubus – retirou meus poderes máximos. Através da ocultação total da Lua.
Então, quer dizer que nesse maldito vale a luz da Lua já brilhara em tamanha glória? – Mallumo. E vossa alteza, crê que uma deusa, com tamanha onipotência e consagrada entre as vastas partes conhecidas pelo homem, nascera de um cruzamento qualquer? Apenas a mais pura e natural luz, pode gerar um ser que carrega tamanha importância como Eu. Responde Flama. Vossa mãe antes de morta pediu a Lua, como sinal de redenção, que origina-se uma figura capaz de guia-lo ao resplendor e glória. Porém, quando tal feito ocorreu, Tokoloshe, em um episódio de ódio eterno por Iansã; recobriu a genitora da deusa, para que jamais pudesse ser cumprido tamanho pedido. Mas, como em um último ato, Luna, deixou cair uma partícula de seu corpo no meio da escuridão, antes que a neblina tomasse conta desse vale que um dia já fora um próspero reino, com muitas pessoas e moradas.
Mallumo questiona a explicação de Flama: Então, o que estou pisando são os restos do que já fora um onipotente império? Não qualquer império, a deusa rebate. Estás pisando nas ruinas de Pangeia. Em estado de choque e sem aguentar o peso do próprio corpo, o príncipe dos mortos, ajoelha-se aos pés de Flama. Passados alguns minutos de silencio... Como uma terra tão temida chegou a tal clímax? A imperatriz, em tom de tristeza e dureza dirigisse a Mallumo: terras governadas por homens tendem a ser corrompidas pelos piores males existentes nessa sombria realidade em que vivemos. Foi daí que Tokoloshe surgiu - a junção de todos os sentimentos ruins que sondavam Pangeia. Foram aplicados como castigo ao seu antigo rei – Hamura. Ganancioso pelos domínios de novos mortais e pela retirada de suas liberdades. Foi aprisionado na forma de um demônio sombrio e seus seguidores transformados em almas negras... O príncipe dos mortos interrompe a deusa!
Quem o aprisionara em tal jaula? Flama responde: Pangeia difere-se dos demais reinos devido ao fato de que a própria terra é quem julga seus moradores. Assim, deus algum pode possuir a liberdade de seus habitantes. É um lugar que todos sonham em viver. Ser livres sem jamais temer o amanhã. Tokoloshe, não se contentando com aqueles, os quais já tinha posse, firmou um pacto com os escapulas e ofertou sua aldeia – Ùmbrio - em troca de Pangeia. E como um simples brinquedo em suas mãos, tive de revelar a saída desse vale aos malditos seguidores do demônio do grande reino.
Agora apenas pra ti irei revelar os domínios de Tokoloshe. Se vivo voltares, as opalas e Pangeia a ti pertencerão: “No meio do abismo negro o demônio ascenderá, apenas o coração valente e com os mais puros desejos e metas vencerá. Como um raio partindo um tronco de árvore projete-se no rosto da intercessão dos males, e como o golpe que decidirá sua vida. Lance tudo aquilo que guarda em seu íntimo contra o mal encarnado” . Mallumo já não aguentava mais profecias em sua jornada: Se vocês querem mesmo me ajudar, sejam mais diretos, rodeios não ajudam em nada. Apenas prolongam o tempo que curto já me é prometido.
Flama irritada com tamanho ceticismo do príncipe, profere como uma ordem sem prorrogação: SE QUERES AS COISAS DE MÃO BEIJADA, MATE-SE DE UMA VEZ! Em nenhum momento da história os vencedores obtiveram algo sem que uma gota de suor e sangue fossem derramadas. Agora parta em direção a Tokoloshe, mate-o, e assim, as opalas a ti ão de pertencer.
Deixando a imperatriz para trás, o príncipe parte em direção aos domínios de Tokoloshe – o demônio do grande reino – agora que está a par da real trama, matará o causador da desgraça de sua aldeia com o maior prazer do mundo. Sentirá o sangue do assassino, escorrer por entre seus dedos como um orgasmo após um sexo demorado e prazeroso. Mallumo irá aproveitar cada segundo desse encontro sem perder nenhum momento.
Depois de caminhar três incansáveis dias, o príncipe começa a sentir a agonia e as preocupações tomarem conta do seu corpo. Senta-se em uma pedra para poder respirar com calma e relaxar um pouco. Porém, ao fechar os olhos, Mallumo tem um vislumbre de todos os acontecimentos desde o momento que acordou. Há exatos cinco dias. A invasão dos escapulas, a morte do seu povo, os últimos momentos de sua amiga e a muito amada – Sibila - a batalha contra os deuses da destruição e Flama, e agora, a luta que está quase para acontecer. Tomado pelo medo e devaneios da mente, se sente um lixo. E como um castigo divino os ocorridos e tamanhas informações absorvidas até então. Culpando-se apenas por ter sobrevivido a tudo. Como consolo para o momento em que se apresenta. Mallumo recebe por meio de uma visão espectral a presença de sua mãe – Iansã – como um filho que precisa de colo, o príncipe se atira aos braços maternos. Porém, não consegue fincar-se a eles. Iansã, vem para apascentar seu filho e pedir redenção pelos atos a muito cometidos. Mallumo não sabendo o que fazer, apenas entrega-se aos prantos na presença de sua mãe. A mãe dos guardiões primordiais ergue a cabeça do seu filho guerreiro, alertando-o, que apresse os passos. Pois quanto maior for sua presença na neblina, que está ficando cada vez mais densa, irá fazê-lo desejar a morte. Tudo não passa de um dos truques de Tokoloshe para retirar a força e a sanidade daqueles que o desafiam a uma luta corpo a corpo.
Depois da visita inesperada de vossa mãe, Mallumo, levanta-se mais revigorado do que nunca. Agora que conhece os truques de seu inimigo, não mais cairá em tamanhos jogos. Continua sua caminhada, sempre em direção sul. Pois, Flama o orientara assim. Ao menor sinal de percepção, o príncipe despenca em um precipício sem fundo....
Por sorte, havia ali alguns galhos, do que um dia, foram majestosos eucaliptos. Como um gato esperto Mallumo usa os galhos como apoio pra retornar a beirada do penhasco. Uma respiração mais gélida que a morte é sentida pelo príncipe em seu pescoço. Ao virar-se, depara-se com um sucubi a sua frente. Sem saber o que fazer – Mallumo – forja uma espada com uma rocha retirada do penhasco. Como uma ferroada, proferi um golpe contra o anfitrião indesejado. Mas, armas quaisquer não podem matar os sucubis. Apenas lâminas banhadas com sangue de um coração valente e destemido. Mallumo lembrou da orientação de Flama.
Droga! Como saberei se tenho tais características? Estou numa balança que tende a inclinar-se apenas contra minha pessoa. A cada segundo perdido por Mallumo, mais sucubis surgem em meio à escuridão gélida. E num ato de desespero, o príncipe dos mortos, enfia a espada em seu próprio peito. E ao retirá-la, o sangue escorre pela lâmina. “O momento para saber tal resposta é agora!”, novamente, profere outro golpe contra os espectros. E como um grito mais fino que o barulho da lâmina perpassando as almas, os sucubis desaparecem sem deixar nenhum rastro.
De longe uma voz surge como vento rasteiro trazendo a seguinte afirmação: O desejo de trazer os seus de volta, torna até o mais negro coração, em um imenso lago de compaixão e arrependimento! Flama? Perguntou Mallumo. Porém, a imperatriz já não tem como manter comunicação com o príncipe devido ao estado que a neblina apresenta. Ao inclinar-se na beirada do precipício para averiguar que nenhum sucubi irá subir, Mallumo é surpreendido pelo fogo que sobe do denso breu abaixo de seu nariz. Como um vulcão em erupção, a lava é lançada para o alto, formando uma gigantesca cortina de fogo. E, quando a mesma é escorre novamente para a vasta escuridão, surge Tokoloshe. Entrada um pouco exagerada pra um deus, não acha? Retruca Mallumo.
Tokoloshe alerta o príncipe a tamanha burrada que acabara de fazer. Quando matou os sucubis, liberou o lacre da prisão que me matinha contido no fundo do penhasco. Agora, matarei você com minhas próprias mãos, filho de Iansã. O demônio profere o primeiro golpe. E com cem porcento de precisão, o príncipe é acertado em cheio. Mallumo tem parte de seu corpo queimado. Queimaduras de segundo e terceiro graus. Não aguentando tamanha dor, ajoelha-se diante seu inimigo. Como ousa baixar-te a guarda? –Tokoloshe. Tome o segundo! Novamente o príncipe sofre com o golpe proferido pelo demônio. Mallumo agora se encontra prostrado perante a onipotência de Takaloshe. Gemendo de fortes dores e com sua vida sendo contada como grãos de feijão. O príncipe sente seu coração pesar, o oxigênio começa a falhar em seus pulmões e como num último ato Mallumo fecha seus olhos....
CONTINUA....
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