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"Bônus" Opala Negra, do Inferno à Luz: A Pangeia da Raça Humana (Final)

  • Akasuma Lean Vicci
  • 2 de out. de 2015
  • 10 min de leitura

Ao fechar os olhos, Mallumo tem um vislumbre de Sibila. Era como uma manhã ensolarada. Sibila era reluzente como o dia, trajada com um grande vestido branco e reluzente, sentada numa pedra, tão branca quanto às nuvens. Longos cabelos e pele negra como o mais puro jambo. Sibila estava admirando o pôr-do-sol. O príncipe caminha em direção a sua amada. A antiga profetisa volta o olhar para o seu amado. Porém, Mallumo não consegue visualizar o rosto de Sibila. Quando o príncipe aproxima-se um pouco mais de seu amor, Sibila diz num tom suave como o anoitecer e doce como o canto dos pássaros a seguinte mensagem: E quando as esperanças foram mortas pela ampulheta do destino, por entre as terras batidas, pegadas revelam um longo trajeto em meio aos diversos tempos. Uma história a muito escondida em meio ao inferno chamado realidade, quando as areias do tempo enfim revelam o mapa para a verdadeira localização do que um dia foi chamado de o grande reino de Pangeia.


Depois de proferidas as palavras, Sibila volta o olhar para além do horizonte. Quando Mallumo acompanha sua amada, sofre um choque com o que seus olhos captam. A lua nascendo e elevando-se até o ponto mais alto do céu. Quando, pois é chegada à sua marcação, a lua projeta um brilho tão intenso que faz o príncipe dos mortos despertar.


Ao abrir os olhos o príncipe percebe que está prestes a receber outro golpe de Tokoloshe. Percebe o quão idiota e precipitado agiu quando viu o demônio pela primeira vez. Mallumo tenta levantar-se do chão, mas, suas dores o consomem. O príncipe roga pela ajuda de alguém. Ele não queria morrer antes de terminar sua jornada, contudo, qualquer forma de conseguir meta seria prioridade máxima. Deixou de focar nas dores espalhadas pelo ser corpo e como uma montanha, colocou-se de pé fronte a Tokoloshe. Ele começa a procurar sua espada, quando se dar conta de que ela foi danificada. Agora, mais do que nunca, precisa de uma arma para enfrentar o demônio do antigo reino. Então de um grão de areia, forja um arco e flecha. Mesmo ainda não conseguindo ficar de pé. Mallumo vai disparando as flechas contra Tokoloshe, nenhuma surte efeito.


Mallumo enfia uma flecha em seu coração e ao melá-la de sangue, volta a proferir o golpe contra o demônio. Ao perceber que não conseguiria derrotar Tokoloshe da mesma forma que os sucubis, o príncipe é questionado pelo grande demônio: Se pensas que banhar essa arma em sangue para me derrotar assim como fez aos seladores de minha tumba perderá vosso valioso tempo. Novamente Mallumo sofre um ataque do seu inimigo. A cada minuto que passa, perde as forças de seu corpo.


O grande demônio zomba da cara do príncipe: Não poderia esperar mais do filho desgarrado de minha inimiga. Assim como vossa mãe, sofrerá em minhas mãos, mestiço imundo. Ao ouvir tais palavras Mallumo enche-se de ira, e então se lembra do que Flama lhe disse antes de sair à procura de Tokoloshe: “[...] Como um raio partindo um tronco de árvore projete-se no rosto da intercessão dos males, e como o golpe que decidirá sua vida. Lance tudo aquilo que guarda em seu íntimo contra o mal encarnado”, o príncipe dos mortos procura uma forma de atirar-se no rosto do gigante a sua frente, Tokoloshe profere outro golpe em Mallumo.


Quando o príncipe retorna ao chão, seus olhos avistam uma grande e seca árvore à sua esquerda, Mallumo volta novamente a pôr-se de pé, e mesmo sentido horríveis dor corre em direção a grande árvore. Tokoloshe acompanha-o com o olhar para ver qual o próximo ato de desespero do seu inimigo. Quando o príncipe mestiço escala a árvore seca, o demônio rir de sua cara: Típico! Assim como um passarinho medroso, retorna ao ninho para pedir ajuda a sua mãe. Quando menos se espera, e como um raio, Mallumo projeta-se na face de seu rival. E com as duas mãos cravadas no olho direito de Tokoloshe, o príncipe dos mortos revela sua sentença: Assim como fiz com minha mãe e meus familiares, aprisionar-te-ei em forma humana, arrancarei de seu corpo e tomarei para mim vossos poderes. Sinta a maior cólera que um deus pode sofrer – a mortalidade!


Ao sugar toda a essência de Tokoloshe, Mallumo retorna ao penhasco. O grande demônio toma forma humana, retornando ao seu antigo tamanho e caindo de joelho sobre os pés do príncipe dos mortos. Quando a fumaça apascenta, Mallumo ver aos seus pés o antigo rei de Pangeia – Hamura. Ao levantar o rosto para aquele que o acabara de derrotar, Hamura diz: Obrigado príncipe mestiço, fostes pela mão do filho de minha eterna inimiga que pude me livrar de tamanha maldição. Vejo que será um grande rei. Sou eternamente grato a ti. Agora poderei partir em paz. E como recompensa, retiro dessa terra a escuridão eterna. Depois disso Hamura desaparece como um espirito sendo disperso por entre o ar. A densa neblina começa a se dissipar...


A cada segundo que passa, Mallumo começa a conseguir enxergar além do horizonte nessa terra destruída. E acima de sua cabeça focos de luz começam a surgir. Aos poucos Luna volta a adquirir forma no centro do céu. Depois de derrotar o mestre de Flama e assim conseguir acabar com a neblina. A luz da lua retorna a brilhar nas ruinas do antigo reino de Pangeia.


Agora com as terras envoltas com a luz de Luna, Flama tem seus poderes ressarcidos. Agora poderá guiar o príncipe dos mortos para as chaves para trazer Pangeia de volta a sua glória.


Mallumo ainda está de pé frente ao penhasco, agora sentado na beirada. Exausto e ferido. Com um buraco no peito e suando frio. Ao olhar para o fundo do imenso abismo, rever todo o seu trajeto até agora e ainda não consegue acreditar nas coisas que fez. Do fundo do abismo, surge um foco de luz subindo em sua direção. Colocando-se de prontidão caso fosse um novo inimigo, Mallumo levanta-se. Do meio da escuridão surge Flama. Esplendorosa e em sua força máxima. Mesmo ainda sendo escrava do príncipe dos mortos agora, a imperatriz agradece pelo feito do guerreio: Obrigado por devolver-me a vida! Como agradecimento, revelar-te-ei as opalas...


Flama orienta o guerreiro a estender suas mãos. A imperatriz repousa suas mãos reluzentes sobre a dele e assim, entrega as opalas ao príncipe dos mortos: Agora as chaves de Pangeia são suas. Cabe a você decidir o futuro do grande reino. Mallumo questiona Flama: Por que nesse tempo todo Pangeia não pode ser restaurada por outras pessoas? Flama responde: Somente aquele capaz de não sucumbir aos desejos da carne, pode trazer Pangeia de volta! O príncipe rebate: Como assim eu não trago em mim os desejos da carne, se sou fruto daqueles que foram corrompidos por tal mal? A imperatriz replica: A sua origem não caracteriza o seu futuro, vieste do meio dos desejos corruptos. Porém, deixastes tudo de lado para colocar em primeiro lugar a meta de trazer os seus de volta. Quem coloca os outros a frente de seu desejo, não se deixa corromper com facilidade. E como já havia lhe dito, Pangeia julga os seus. Ela o fez rei antes mesmo que você vir ao mundo.


Como faço para trazer Pangeia de volta? – questiona Mallumo. Deves quebrar as opalas e assim as almas aprisionadas aí dentro trarão o reino de volta – responde Flama. Quer dizer que as opalas são prisões criadas por Pangeia para seus moradores? Flama esclarece a dúvida de Mallumo: Não são meras prisões para punir pessoas. As opalas são chaves de portais para poder comunicar-se ou trazer seres míticos para que possas pedir ajuda a eles. E quem seriam esses seres? – pergunta Mallumo. São os fundadores e genitores de Pangeia, os quatro grandes seres de luz. Também são responsáveis por criar tudo aquilo que existe a sua volta. – responde Flama. Quer dizer que os grandes senhores do tempo (Suna), da realidade (Gen), da vida (Seikatsu) e da morte (Batsu) estão presos dentro das opalas? – o príncipe pergunta. Não exatamente presos, mas, eles criaram as opalas e guardaram-se dentro delas para caso Pangeia ou toda a sua criação fosse corrompida eles poderem ser chamados a seu auxilia. E somente aqueles realmente merecedor de seus segredos pode fazer isso. Foste escolhido, Mallumo, príncipe dos mortos e encarnação de Batsu.


Como faço para trazer os deuses imperiais? –Mallumo. Terás de engolir as opalas e caso elas encontrem a parte de Batsu em você, elas irão abrir os portais e trazer os senhores para essa realidade. – Flama. Mallumo o fez, e rapidamente as opalas foram parar em seu estomago. Passou alguns minutos, sua pele negra começou a brilhar como um céu durante a noite, e logo as opalas fora ativadas. Os deuses surgiram um a um em sua frente: Suna, Gen, Seikatsu e por fim Batsu, sua encarnação. Logo Mallumo foi reverenciado por tudo que fez por Pangeia com o intuito de salvar os seus entes de Úmbrio. Os deuses um a um se pronunciaram e honra ao príncipe dos mortos.


Agradecemos príncipe dos mortos, foi o seu desejo de lutar pelos seus, que fez com que se importasse com os nossos. Sua coragem e determinação serão lembradas por muito tempo, e reverenciadas como o grande rei que serás. – disse Suna. Conseguiu mostrar que todos somos donos do nosso destino e assim consequentemente podemos moldar a realidade como realmente deveria ser. – pronunciou-se Gen. Fez dos nossos projetos, novas vidas e formas de ver até o mais corrupto dos desejos - que é a vingança - apenas como mais uma face do amor. Seu coração foi sua maior arma até agora e será a maior de todas ainda pela frente. – falou Seikatsu. Filho de minha filha, encarnação minha, suas batalhas mostraram quão grande rei você se tornará, Pangeia não erra em seus julgamentos, fostes escolhido seu mestre desde nossa criação. Agora poderá trazer ao mundo a verdadeira glória desse reino após muitos séculos de batalhas e corrupções dos homens.– por fim falou Batsu.


Como agradecimento por todo o seu esforço daremos a ti, parte de nossos poderes. Pois Pangeia deve voltar por suas mãos, já que foi o escolhido por ela como seu mestre. Um a um os deuses foram sumindo e ofertando seus poderes a Mallumo, quando Batsu ofertou seus poderes ao príncipe dos mortos proferiu suas ultimas palavras: Agora a real trama será contada.


Depois do ultimo ter ido embora, o príncipe toma para si o seu destino. E virando-se para Flama com um tom de surpresa e por não conter sua felicidade, diz: Quem diria, que de uma pedra negra, a qual carrega em seu interior o universo, surge à luz para desenrolar do novo enredo!


Mallumo ver todos seus ferimentos curados e suas forças revigoradas como nunca. Com isso, concentra os poderes ganhos dos deuses em uma esfera de pura energia concentrada, quando ela estava totalmente formada, lança-a para cima: Ascenda novamente, Pangeia. A esfera se dissipa no ar irradiando todas as ruínas de Pangeia. E aos poucos o grande reino é restaurado pelas mãos do príncipe dos mortos e encarnado de Batsu. As terras secas tornam-se solos férteis, as arvores secas voltam a sua majestosidade, as almas que vagavam sem rumo assumem novamente forma humana, as ruínas das moradias retomam a forma de grandes palácios. O que antes era um imenso abismo e cenário da luta de Mallumo e Tokoloshe volta a ser o grande lago que banha Pangeia. Já é dia, e após muitos séculos, o sol volta a nascer em Pangeia. Aos poucos as pessoas concentram-se ao redor de Mallumo, Todos saúdam o grande rei de Pangeia!


Mallumo é levado até o grande palácio central, onde um dia Hamura tornou-se rei. Todos se ajoelham para a coroação do príncipe dos mortos. Flama é quem faz a coroação. Depois de transformar definitivamente Mallumo em rei, Flama ajoelha-se a sua frente e revela sua real o forma ao rei de Pangeia. Agora ajoelhada a sua frente está Sibila. Mallumo vai aos prantos ao ver sua amada viva. Como isso é possível? – questiona Mallumo.


Antes de vossa mãe morrer, ela arrependeu-se inteiramente do que fez a nosso amor. Então quando os escapulas invadiram Úmbrio, tive uma visão de Iansã. Ela contou tudo a mim e pediu perdão pela tamanha dor que me causou. Disse que poderia retirar o castigo que me proporcionara, mas, para isso eu teria que morrer. Quando a questionei como isso poderia me fazer voltar aos seus braços. Me contou de toda a profecia envolvendo você, então me transformaria na imperatriz da luz, e assim, quando você viesse ao meu encontro iria me transformar em sua escrava, e assim, através de suas mãos o castigo seria desfeito.


Mallumo chora de imensa alegria por ter sua amada de volta, mas, ao mesmo tempo chora de tristeza por ter matado sua mãe sem ter conhecido o lado misericordioso dela. Como sinal de arrependimento, ele liberta os guardiões primordiais de Galácia de suas formas humanas. Agora o rei de Pangeia torna Sibila definitivamente como sua consorte. Agora são rei e rainha de Pangeia. Depois de nove meses, Mallumo e Sibila tem um filho. O primogênito depois de Pangeia ter retornado a sua glória. Os reis batizam a criança de África. No dia de sua apresentação real ao povo. O sacerdote real profere a todos os presentes o seguinte: - Eis que da união humana e da redenção divina, nasce uma criança. Vinda da realeza desse onipotente reino nasce África, príncipe e futuro senhor das nações. Seu reinado será marcado por inúmeras batalhas e histórias de conquistas. Seus descendentes serão gloriosos e sua origem será contada por muitos anos. Todos felizes pelo nascimento de África, saúdam a criança e proferem hinos de alegria.


Passaram-se trinta anos depois do nascimento de África, Mallumo encontra-se enfermo em sua cama. Prestes a morrer. O pai, chama seu filho para empossa-lo como rei. Mallumo diz como ultima vontade seus desejos a seu filho: - Sangue meu, e tesouro mais precioso que já pude cultivar. Como ultimo desejo de seu pai, peço que traga nossos ancestrais de volta. Todos os moradores de Galácia foram transformados em escravos pelos escapulas. Levados para terras longínquas. Mesmo em tais condições, são responsáveis por povoar grande parte dos moradores da Terra. Os brancos os fizeram de mercadorias e assim foram levados por muitos anos, cabe a ti agora, trazer a liberdade não só dos meus, mas também, dos seus antepassados. Agora transfiro para você meu título de rei de Pangeia. Sua jornada apenas está começando.


Após entregar sua coroa a África, Mallumo dar seu último suspiro e parte desse mundo. África como primeiro decreto após o funeral de seu pai é reunir o maior número de soldados para começar as buscas pelos seus ancestrais. O atual rei de Pangeia irá para a guerra e assim libertar os negros das mãos de seus algozes.


Passados vinte anos de árduas batalhas, África consegue libertar o último descendente de Úmbrio. Conseguiu cumprir os desejos de seu pai. Agora está retornando a Pangeia para proferir o destino de todos seus seguidores e daqueles que libertou. Ao chegar ao palácio central, África toma posse de seu trono e então dita o destino de seu povo: - Todos agora estão livres! Podem seguir suas vidas conforme suas vontades e desejos. Poderão formar família e residir em qualquer uma das terras. Os escapulas fora mortos, seus alvarás de solturas foram assinados. Agora são livres para serem novamente seres humanos!


Todos ficam felizes pelo que África pode proporcionar, trouxe de volta vossas dignidades e ainda conseguiu cumprir até o fim os desejos de seu pai...


Nossa vovô! Então essa é a história dos negros? – questiona um netinho após ouvir a história. Sim, meu querido. Mas, não apenas dos negros. Toda a humanidade foi originada do pai África. Somos filho do grande contingente. Filhos da terra marcada por guerras e inúmeros conforntos. Essa é a história de como saímos das mãos dos algozes e ganhamos nosso devido espaço. De mercadorias a seres humanos. - responde o avô. Louvado seja o grande rei África, por descender de Mallumo, encarnado de Batsu, e trazer-nos de volta a condição de livres e acima de tudo, seus filhos.


FIM

 
 
 

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© 2015 por Maurício Rosendo Leandro dos Santos.

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