A inveja trouxe decadência: O anjo exilado
- Akasuma Lean Vicci em parceria com Giovanna
- 23 de out. de 2015
- 6 min de leitura

A história que me atrevo a contar é a mais temida por entre os vivos e rejeitada pelos mortos. Um paradoxo que ainda permeia em nossas mentes. Como um ser angelical criado pelas mãos de um ser perfeito, pôde cair em extrema decadência?
O livre arbítrio é a chave-mestra de tudo!
E quando a terra ainda estava em total escuridão nasceu à luz: “E disse Ele: Haja luz; e houve luz! (Gn 1)”. O guardião do primeiro feito de seu senhor. Portador da luz e do conhecimento, o maior entre a segunda hierarquia dos anjos – os querubins – e agora primeiro entre os decaídos, voltou-se contra seu mestre no momento em que fora incumbido de servir aos humanos – Lúcifer – tornou-se um assunto quase que proibido de ser tratado. Literalmente o: VOCÊ SABE, QUEM? da religião. Trouxe a mentira para o mundo e foi banido dos céus devido ao fato de ter sido corrompido pela inveja.
Tanto os anjos divinos quanto os “ demônios” são divididos em hierarquias. Conforme a vontade de seu criador. O que difere uns dos outros são suas posições e tarefas dentro da criação. Depois da queda do anjo supremo, houve uma reviravolta nos planos de seu mestre. Até os dias de hoje não sabemos ao certo como transcorre a real história de Lúcifer, portanto irei dissertar um pouco dos meus estudos acerca de tal personagem que me traz uma admiração peculiar...
Depois de ter percebido os reais planos daquele que recebera o nome de filho da alva, o deus cristão, ficou atento aos passos de seu adorável filho e a maior de todas as criações. No começo desse documento fiz uma pergunta aos meus caros leitores e logo abaixo dei a resposta. Tudo começa com a concessão do livre arbítrio – a possibilidade de decidir, escolha em função de sua vontade – com isso pode-se perceber que tamanho prêmio não fora algo exclusivo dos seres criados no sexto dia da criação. A liberdade segundo vossa vontade fora um presente de deus para com os seus seres divinos.
No período pre-Trindade (pai, filho e espirito santo) Lúcifer foi incumbido de ser o mestre dos anjos no paraíso, ensinando tudo ao seu alcance e mostrando a diferença do entre o certo e o errado. Ainda não existiam mentiras, inveja, ódio e ganância.
“Ao perceber tamanha imponencialidade em seu ser, o portador da luz, começou a cultivar a vaidade. Desejou ser venerado pelos outros anjos e ambicionava ter seu trono acima daquele que o deu a vida”. Essa é a forma como a religião nos mostra a origem e a queda de Lúcifer. Mas será que você já parou para analisar que podem haver partes ocultadas sobre a maior de todas as batalhas espirituais?
Mesmo podendo matar Lúcifer a qualquer momento deus não o fez. Ele sempre cultivou algo que tenho tamanha estima: “O amor pode ser rejeitado. Mas o amor real não pode vir de um ser pré-programado. Ele dever ser voluntariado”. Foi nesse conceito que suas criações foram feitas, nenhum ser foi predestinado a agir de uma forma X, mas serem apenas eles mesmos, assim, pois, poderiam evidenciar os verdadeiros amores existentes em suas almas.
E como um anjo não é constituído de carne e osso, apenas matéria luminosa. Quem poderia amar mais que o detentor da luz?
Depois de arquitetar todos os planos, Lúcifer instigou outros anjos a abrirem suas consciências e olharem a sua volta. Plantou a semente da dúvida sobre o real plano de deus para seus filhos. Reuniu-se com várias legiões de seres de luz revelando sua tamanha ira devido ao fato de que outrora fora corrompido pelos desejos de cobiça.
A história que até hoje nos é apresentada chega a ser uma iniquidade para o seu personagem. Mesmo sendo o dono do conhecimento, Lúcifer não passava de um ser ingênuo, pois, nunca tinha sentido nada além do amor. Mesmo nós, simples humanos, quando somos tomados por outros sentimentos, nosso sangue ferve e tendemos a tomar as decisões de maneira precipitada e sem muita racionalidade. De forma igualitária acontecera a Lúcifer.
Uma coisa que sempre chamara atenção foi a forma como Jesus ensinava aos seus seguidores – através de parábolas – e entre algumas uma me chama mais atenção, a parábola do joio: “Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? [...] E os servos lhe disseram: Quereis pois que arranquemos? [...] Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro(Mt 13)”. Mesmo sem muitos perceberem o joio ao qual está ocultado por entre tais palavras é aquele que outrora fora banido do Paraíso. Depois de tudo, deus em sua grandeza não nega Lúficer, pois, mesmo em meio às trevas sabe quão puro é o coração de seu filho amado.
Não sei vocês, mas já me perguntei, por que “diabos” nunca querem tocar no nome desse anjo em explicações mais aprofundadas sobre passagens bíblicas e ou relatos da vida de Cristo?
Simples, não precisa-se de outro foco nessa narrativa. Porém, vale ressaltar que ao ser banido deus enviara seu anjo rebelde a Terra. Aquele que foi lançado do reino dos céus, pousa por entre os humanos, e assim, com consentimento de seu criador, tem posse e liberdade de para tentar suas criações...
Chega a ser engraçado, né? Certa vez vi uma mensagem: “Se o ‘diabo’ é inimigo, por que motivos ele castigaria alguém que desobedeceu a deus?” Assim como muitos, o ser de luz transfigurado em trevas é mal compreendido. Com todos os feitos de contrariedade aos planos de seu criador Lúcifer em sua essência continua sendo um anjo. E como sua divindade ainda existe em seu interior, mesmo que contra sua vontade, age conforme seu principio original. Guiar a todos por um caminho, agora sombrio, mas sempre rumo ao amor, mesmo que hoje em dia seja pela dor.
Voltemos um pouco na história para falar do exato momento da queda desse querubim: “Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti(Ez 28)”. Esse é o maior de todos os relatos falando do exato momento de seu exilio.
Ao ser lançado na Terra, como forma de vingança adentrou no Jardim Sagrado para tentar a nova criação preciosa de deus – o homem – disfarçado de serpente, Lúcifer novamente, planta a dúvida quanto as ordens de seu antigo mestre para com os desejos de suas criações. Deixa claro que como seus antecessores, temos o direito de escolha quanto ao que fazer. Devido a isso, trouxe o pecado ao mundo. A companheira do homem foi castigada junto ao ser companheiro devido à traição. Com gosto de vitória, Lúcifer, recebeu definitivamente o título de pai da mentira e do pecado.
O Éden veio como uma forma para entendermos um pouco sobre a origem do homem e do papel dos anjos decaídos. Onde a todo o momento os seres de carne são tentados pelos seres sombrios para testar sua fidelidade ao criador. E claro, tudo isso acontece com o aval de deus.
Desde sua criação Lúcifer não conseguiu racionalizar o maior de seus desejos da maneira correta: “[...] Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo [...]”. Sem entender muito, o filho da alva, já tinha conseguido ser grandioso como o seu mestre. Quando fora criado e amado mais que o outros tendo poder sobre as outras criações, ele conseguiu o posto de igual a deus. Porém, o que o deixara irritado foi o fato de saber que teria de tornar-se pequeno para servir aos humanos, isso o cegou de tamanha forma que nada mais tinha importância para ele – nem mesmo o amor de seu pai.
A ligação entre os dois reinos fora interrompida, humanos e espíritos não poderiam mais socializar livremente. A corrupção de um ser divino acarretou em uma rede de punições a todos. A ingenuidade trouxe o exilio e a decadência da luz. Ocorre então a separação: “E Deus chamou à luz de Dia; e às trevas chamou Noite (Gn 1)”. A separação dar-se em sentido figurado apenas para distinguir o lado bom e o lado ruim de cada ser. Dentro de cada um, como totalidade de um, existem dois estremos, luz e treva, um não pode existir sem o outro: “E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas (Gn 1)” da mesma maneira foi a Lúcifer.
Mesmo com as punições, ainda o ama. Tudo o que está entre o começo e o fim tenta novamente a entrar em equilibro. A história desse ser controverso ainda não passa de puro mistério, seja para você quanto para mim, não podemos falar com precisão sobre a real caminhada de Lúcifer. Tentei ao máximo fugir dos padrões religiosos e sociais para explicar um pouco de sua história. Mas o real intuito desse texto é despertar sua mente a enxerga-lo não apenas de um modo, e sim, como um leque de rotas diversas aonde nenhuma explicação jamais irá realmente finalizar sua essência.
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