A Ária dos Espíritos (Final)
- Akasuma Lean Vicci
- 2 de ago. de 2016
- 7 min de leitura

Finalmente o 27º dia chegou ao fim. O treinamento de Odnesor estava quase concluído, faltava-lhe apenas a benção de Larok para que sua missão pudesse então ser cumprida...
Perdrix despertou de sua recarga de energia que durará um mês então já dispondo de sua força total lançou um encantamento de localização para encontrar o espírito de Odnesor. De suas mãos saíram polvos gigantes...
Perdrix – Encontrem aquele espirito insolente e o revelem-me a sua localização!
Os octópodes lacaios saíram mar a dentro procurando rastros energéticos até chegarem diante uma caverna que parecia abandonada, mas que na verdade estava sendo guardada por uma magia poderosa – a maldição que aprisionara Larok – descobrindo onde Odnesor estava os polvos mandaram um sinal para Perdrix que o sentiu a quilômetros de distância. Tudo estava pronto, está na hora dele então conseguir sua tão aguardada vingança sobre seu antigo amigo.
Larok – Após incansáveis dias e noites de treinamento pesado e desgastante está na hora de você receber o anel do poder que simboliza a minha ordem espiritual. Ele está equipado com toda a magia e alquimia que juntei durante toda a minha vida, basta você se concentrar naquilo que deseja e o conhecimento irá percorrer suas veias como se fossem sangue até chegar em seu cérebro onde poderá desfrutar dele. O conhecimento é a maior de todas as armas que se pode adquirir durante a vida e após a morte.
Odnesor segurou o arco verde esmeralda em sua mão, esse brilhava mais do que ouro, tinha o formato de uma majestosa Naja Rei mordendo a própria calda. E nele estava gravada a seguinte mensagem:
“O conhecimento quando em excesso pode tanto leva-lo onde deseja ir, mas também pode tirar de você coisas preciosas”
Odnesor – Não consegui compreender a mensagem que está gravada nele.
Larok – Um ser humano nada mais é do que uma serpente. Elas se rastejam para se locomover, para conseguir alimento usam de seus dotes e do veneno que lhe foi atribuída em seu organismo. Porém até uma serpente pode morder sua própria calda, ou seja, até a mais mortífera serpente pode trazer para si o seu próprio fim. Trazendo isso aos humanos, passamos a vida inteira rastejando por esse mundo para conseguirmos juntar uma enorme quantidade de conhecimento que muitas vezes usamos de forma egoísta transformando-o em poder para manipular outra (como se fosse uma serpente ao injetar seu veneno na presa), mas ao ter além do necessário até a mente humana entra em colapso e acaba perdendo tudo. E isso se dar com a morte. Muitas vezes quando não estamos satisfeitos com o que temos, mesmo que seja de grande utilidade, acabamos que pondo fim nas nossas vidas. Pois julgamos tudo como pouco para nossa ambição. Quando uma serpente come demais, ele vomita o alimento para poder comer mais. Nunca estamos satisfeitos com aquilo que temos.
Odnesor – Nossa, que profundidade e enorme reflexão. Quer dizer que mesmo que eu possua todo o conhecimento do mundo, se eu não souber usá-lo irei acabar julgando que não possua nada e desistindo daquilo que lutei para conseguir?
Larok – Exato! O anel só irá ajuda-lo em ultimo caso. Logo, você não poderá ficar dependente de ninguém que não seja você próprio e do suor que gastou durante todo esse tempo. Treinamos para que você pudesse acreditar em si mesmo e vencer seus demônios interiores. Nesse caso, Perdrix.
Ao colocar o anel em seu dedo Odnesor foi tomado por uma enorme quantidade de energia, sua aparência era de um deus. Emanava uma luz de seu corpo que jamais foi vista por nenhum ser vivo.
Ao terminar o ritual, tentáculos enormes surgiram por entre as paredes da caverna. Agarraram Larok e Odnesor pelos braços e pela cintura amarrando-os contra o chão.
Odnesor – O que é isso?
Larok – Ele já está aqui!
Uma densa neblina vermelha como fogo estava se dispersando no ambiente. Um líquido pesado estava a surgir do chão, parecia lava fervente, o enxofre tomou conta do ar. Do meio do magma borbulhante surgiu um ser sombrio. Seu olhar e seu hálito eram mais frio do que o espaço. Curtos cabelos ruivos espetados, pele clara e unhas enormes e negras caracterizavam o seu perfil. Sua risada grave tomou conta do ouvido de todos...
“A quanto tempo antigo amigo”
Uma explosão de fogo veio logo em seguida, parecia uma grande tempestade com raios e trovões...
Larok – Perdrix, como você quebrou o encantamento?
Perdrix – Até mesmo no lugar para onde você me mandou eu pude encontrar lacaios e manipula-los para me trazerem de volta. Nada melhor do que fingir ser um deus de amor e bondade para que alguns idiotas pudessem me trazer a vida. E só precisei de um misero humano que foi crucificado. Usei sei sangue para dar vida ao meu espirito novamente. Tudo isso graças aos meus seguidores cegos que acreditam na salvação e no paraíso além morte.
Larok – Quer dizer que você mandou espíritos possuírem humanos e escrever um livro no qual todos os texto de alguma forma levassem todos a terem ciência de sua existência?
Perdrix – Exatamente, e o melhor de tudo que ainda hoje me chama de o Salvador, o Cristo ressuscitado. Pobres humanos. Agora dei-me o garoto, preciso dele mais do que qualquer outra coisa, assim poderei subjugar enfim esse mundo deplorável.
Você que pensa que irá se safar dessa ileso, falou uma voz que veio de trás de Perdrix. Ao virar para ver quem estava desafiando-o recebeu uma rajada de energia que o lançou contra a parede da caverna. Odnesor havia enganado sem inimigo, antes mesmo de Perdrix chegar na caverna Odnesor já tinha saído do local deixando em seu lugar apenas uma ilusão.
Odnesor – Quer me pegar? Venha atrás de mim. Espero-o na ilha onde o barco foi destruído. Você terá a vingança que deseja, mas um de nós sairá apagada desta realidade. O esquecimento é o pior de todos os castigos.
Um portal negro abrir ao lado esquerdo de Odnesor e ele saltou para dentro desaparecendo logo em seguida.
Perdrix – Que garoto insolente. Até mais Larok, você não poderá sair desta caverna até que tudo esteja consumado. Adeus...
Após dizer isso Perdrix também sumiu igual a Odnesor.
Ambos apareceram na ilha onde Perdrix fora invocado e o barco havia sido destruído. Em postos de batalha estava mais que na hora. Vários séculos aguardaram por esse dia. O tempo parou diante dos dois. Apenas um sairia vitorioso.
Odnesor – Venha me pegar velhote secular.
Irritado Perdrix voou em direção a Odnesor, o jovem lançou contra o seu inimigo o encantamento pestial (se esse acertasse-o ele iria ser reduzido a uma simples partícula). Perdrix desviou do ataque, contra-atacando com a manipulação gravitacional. Odnesor teve seu peso corporal aumentado 5 vezes, esse magia tinha a intenção de continuar aumentando a força de atração a cada minuto passado, até que o oponente fosse esmagado contra o solo.
Agora em desvantagem perante o conhecimento que Perdrix tinha sobre seus poderes, Odnesor precisaria inovar para poder causar ao menos um ferimento em seu inimigo. Então pensou em algo que apenas ele conhecia. Serpentus Transmosfus. Perdrix agora era uma serpente gigante, não poderia usar suas mãos para realizar encantamentos, mas poderia fazê-los com a calda. Agora a vantagem era de Odnesor.
A grande serpente deu um bote em sua presa, Odnesor foi ferido, agora estava envenenado. Seu tempo era de apenas 5 minutos até que seu corpo tivesse o sangue todos coagulado.
Odnesor lembrou da mensagem gravada em seu anel, sabendo que seu fim estava chegando ele lançou um feitiço que até mesmo Larok não se atreveria em realizar. Enfiando uma mão no solo um grande circulo luminoso se estendeu na área que envolvia-o junto a Perdrix.
Odnesor – Desculpe Larok! Foi bom ter conhecido sobre minha própria história.
“Obliterar”
Ambos os dois entes foram convertidos em cinzas e então o sol voltou a brilhar.
Larok sentiu o impacto do encantamento.
Larok – Não acredito que Odnesor usou daquele encantamento para se livrar de Perdrix. Ele não sabe o que o aguarda ainda...
Em um mundo totalmente branco Odnesor abriu os olhos e viu diante de si a figura de Perdrix. Agora em sua forma verdadeira, pois o encantamento de serpente de alguma forma foi desfeito. Uma voz bradou do meio do branco e apenas seu eco foi ouvido:
“Aquele que utiliza apenas do poder e não do conhecimento está fadado ao esquecimento”
Odnesor – Droga, era disso que Larok estava falando.
O espaço começou a diminuir, caso Odnesor não encontrasse uma forma de sair de onde estava ele iria ser apagado da realidade. Mas como fazer isso sem ter nenhum poder a sua disposição? O anel já não estava mais com ele.
Larok tentou sair da caverna, mas suas tentativas foram em vão. Ainda estava preso a maldição que o prendia.
Se mesmo na escuridão uma luz pode existir, o inverso também pode ocorrer. Pensou Odnesor. Procurou um ponto negro em meio a imensidão de branco, mas nada conseguiu.
Larok tentava fazer contato telepático com Odnesor: Pense meu jovem, use o conhecimento...
Odnesor então recebeu um estalo na mente, lembrou que Larok havia dito que o conhecimento era como sangue percorrendo suas veias...
Odnesor – Sangue é isso! Posso fazer um portal com meu sangue.
Odnesor então rasgou seu braço deixando sangue pingar no chão assim um portal foi aberto. Uma rajada de fogo foi lançada em sua direção, atingindo-o no braço. Odnesor caiu na borda no portal. Perdrix caminhou em direção ao seu alvo e enfiou suas unhas enormes no peito do garoto.
Perdrix – Você agora me pertence garoto. Irei tomar para mim seu espirito.
Quando a transferência começou Odnesor se transformou num enorme Urso Polar. Agora Odnesor era pura força bruta, fúria e ódio.
Odnesor – Nunca irá ter o que deseja. Sinta a fúria de Larok em sua pele.
Um trovão tomou conta do lugar, Perdrix havia sido cortado ao meio. Seu corpo agora eram duas partes divergentes uma da outra. Após o ato de fúria, Odnesor voltou ao normal e mergulhou no portal. Após o portal se fechar o lugar todo branco desapareceu.
Perdrix havia sido apagado da realidade?!
Larok foi livre de sua maldição e seu espirito pode descansar enfim. Odnesor voltou para a sua realidade. Porém algo estava diferente, ao chegar percebeu que metade do planeta havia sido destruído como resultado da luta entre grandes.
Toda ferido Odnesor abriu um último portal, e então, desapareceu deste mundo. Nunca mais se ouviu falar nele. Com um tempo o planeta se autorregenerou.
Mas a vida nele jamais voltou a existir.
Por que tantas confusões neste desfecho? A realidade não é algo fácil a se decifrar. Mesmo quando tudo parece estar bem o oposto acontece. O que realmente é a ária dos espíritos? Uma música entoado por uma violinista chamada morte que sempre leva para si os presentes dados por seu grande amor, a Vida. Guardando-os para sempre em seu coração.
FIM!
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